mercredi 29 septembre 2010

A vespa pintora



  

La Chaux-de-Fonds - Artes Plásticas

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Identidade e Cultura Portuguesas


  

  

Portugal: Património da Humanidade

   

           
        

   

Introdução


Era uma vez… era uma vez, não… foram muitas vezes que Beto percorreu a pé aquele caminho que o conduzia da sua aldeia até à escola onde a professora Celeste lhe ministrava os ensinamentos escritos nos livros e, no fim da tarde, o mesmo caminho devolvia Beto à sua aldeia.
As pesadas rugas, feitas de velhas raízes que se  tocavam à superficie, como que se cumprimentado, não escondiam a idade do velho caminho, e o esforço  tantas vezes feito para suportar carregos de erva e de lenha puxados por juntas de bois  transformava o seu suor em charcos de lama e em pequenas levadas de água que escorriam para os lameiros.
Beto conhecia tão bem aquele caminho como as palmas das suas mãos e, diga-se, as palmas das suas mãos também conheciam muito bem aquele velho caminho, por várias vezes já se tinham tocado como naqueles dias em que uma pedra mais espevitada se colocava à frente dos sapatos cansados de Beto e o obrigava a descer as mãos até ao nível onde deveria pousar os pés.
Outras vezes este encontro entre as mãos e o caminho era premeditado. Tinha começado naquele dia em que Paula olhou para o chão e viu uma formiga a tentar a todo o custo subir uma das rugas do velho caminho mas as gotas de chuva empurravam-na para baixo.
- Como é que a pobre pode seguir o seu percurso neste camhinho sujo que a chuva não lava, apenas lhe suaviza as chagas com a folhagem humedecida !?  Vamos praticar uma boa acção e vamos limpar-lhe o caminho ! – Exclamou a Paula.
- Vamos ! – Responderam as irmãs Edite e Filomena.
O Beto ficou mais reticente pois sabia que naquela altura do ano os dias eram mais curtos e a noite não tardaria a chegar mas encheu-se de compaixão com a formiga que, tal como ele, também deveria estar cheia de pressa para chegar a casa e juntar-se à família, pensou o Beto, e então respondeu :
- Vamos !

Logo os quatro, de chapéus de chuva abertos e com a roupa já molhada pelas grossas gotas de água que se desprendiam dos altos pinheiros, procuraram no chão um pequeno graveto e começaram a limpar o corpo do velho caminho em toda a sua largura e também em comprimento.
A este pedaço do velho caminho chamavam-lhe « Arrôta » , certamente um nome tão velho como o próprio. Os quarto jovens só pararam de limpar a «Arrôta »  quando a noite já tinha caído e a formiga já  não se avistava.
- Vamos embora, já é tarde, amanhã continuamos a nossa tarefa – disse Paula.
No cimo da « Arrôta » avistava-se a primeira casa da aldeia. Era uma exígua aldeia onde todos se conheciam e compartilhavam entre  si as tarefas de vestir os campos em tons de verde claro, de verde escuro, de dourado, de castanho, conforme a vontade e a vaidade da terra. Era como se de laços de sangue se tratasse. Na verdade todos seriam irmãos nascidos de um ventre comum, o ventre fértil da terra.
Hoje o rosto da « Arrôta »  foi maquilhado pelo alcatrão e novos caminhos se rasgaram. Este velho nome quase desapareceu, no entanto, novas designações surgem. Viaja tu também neste caminho virtual, participando com os teus comentários, sugestões, ideias… contribuindo, assim, para o enriquecimento deste blogue.
Sílvio Coutinho